novembro 16, 2008

Distância Transaccional

No âmbito da EaD, a definição da Distância Transaccional ideal é fundamental para que o nível dos cursos oferecidos cumpra o mínimo de qualidade, estruturação, diálogo e autonomia. Esta Distância, além da distância espacio/temporal que, na EaD, separa o professor dos estudantes é uma distância pedagógica e/ou dialógica. Três aspectos, diálogo, estrutura e também a autonomia do estudante que, segundo Moore, definem a Distância Transaccional foram dissecados de forma a definir e compreender os moldes em que se processavam os relacionamentos e as respostas dos estudantes cujas aulas eram à distância. O objectivo prioritário no planeamento da implementação de cursos à distância é o equilíbrio entre o diálogo, estrutura e autonomia do aluno. Ainda na perspectiva de Moore, a distância transaccional seria mais curta quanto maior fosse o diálogo instrutor/estudantes e maior quanto menor fosse o envolvimento/compromisso do aluno (maior estrutura e perda de autonomia do estudante sobre a sua própria aprendizagem). Em 1994, Saba e Shearer através de um modelo dinâmico – modelo em que a distância transaccional aumentava quando aumentavam os diálogos e diminuía quando a estrutura era maior – concluíram que o conceito em apreço é directamente proporcional ao diálogo e inversamente proporcional à estrutura. Contudo, trabalhos realizados por Swan e al (2001) vieram demonstrar que a estrutura é um elemento importante na participação dos estudantes e a discussão/diálogo entre professor e pares sobre os conteúdos do curso permitem abrir oportunidades cognitivas e sociais, conduzindo a uma menor distância transaccional.
Distancia Transacional
View SlideShare presentation or Upload your own.

Actualmente existem diversos recursos e ferramentas que facilitam e incrementam os três variáveis supra, a saber, chats, fóruns, etc., a nível do diálogo; descrição online do curso, testes online, fórum flexível … na estrutura e fóruns, agenda pessoal, ferramentas cognitivas, etc., na autonomia do aluno. Daqui conclui-se que a Distância Transaccional depende tanto dos moldes e organização do curso como da tecnologia disponível que, também, determinam a natureza, grau e nível do diálogo e a própria estrutura. De acordo com o Dr. António Quintas-Mendes, professor da unidade curricular Educação e Internet do 2.º ano da Licenciatura em Educação da UAb, “A teoria da distância transaccional postula que, para todas as actividades educativas, a distância é um fenómeno pedagógico, psicológico e comunicacional em vez de ser apenas um fenómeno físico. Isto implica que o que é interessante para os que estão implicados numa relação educacional não é a separação física ou temporal, mas a relação da comunicação/interacção com a estrutura e organização do curso.” Facilitar/possibilitar a construção de conhecimento, além de fornecer conteúdos e emitir diplomas é, também, toda a “máquina” de planear, implementar e concretizar o projecto educativo, que, inevitavelmente envolve interacções/relações interpessoais e dos indivíduos com os próprios conteúdos. Assim, o ensino/aprendizagem a distância, no que concerne aos conteúdos terá, sempre, que considerar a distância professor/aluno. Todas as etapas, instruções fornecidas, actividades propostas, feedback, entre outras, são indispensáveis, quando claras e atempadamente fornecidas, para a construção do conhecimento e, todas elas, obrigam a uma planificação e a um timing meticulosos, no entanto flexíveis, de forma a privilegiar e incitar à participação dos estudantes o envolvimento dos estudantes. É, pelo exposto, irrefutável a supremacia do elemento comunicação que em parceria com a preocupação sobre os diferentes estilos de aprendizagem, logo com a estruturação e formas dos conteúdos a ministrar, incidem, influenciando a autonomia, motivação e participação de cada um e, portanto, definindo a Distância Transaccional.

Gerações de EaD - adaptação da 1ª parte do e-fólio A de Educação Aberta e a Distância

Apesar do boom da Educação a Distância se ter dado na década de 90, de acordo com Sherron e Boettcher (1997), o ensino a distância havia já atravessado quatro gerações. No entanto, e como nos diz James C. Taylor, hoje falamos já da 5.ª geração. A 4.ª geração ficou marcada pela aprendizagem flexível ao passo que a 5.ª é determinada pela aprendizagem flexível inteligente que, por sua vez, vem fomentar uma muito maior interacção entre todos os envolvidos – professor, aluno, tutor, monitor… - possibilitando o feedback e, ao aluno, a gestão da sua aprendizagem, ao seu ritmo e de acordo com o seu tempo/espaço. Segundo Moran (2002), a EaD é descrita como uma forma de ensino/APRENDIZAGEM, de transmissão/aquisição de saberes com recurso a tecnologias por parte de professores e alunos que se encontram separados/desfasados temporal e/ou espacialmente. Devido à convergência e combinação entre as tecnologias existentes e emergentes, a Educação presencial e a EaD atravessam uma fase de transição e de profundas mudanças: o conceito de mobilidade tem-se modificado, permitindo a realização de actividades sem se ir para um espaço/lugar determinado; o conceito de ensino/aprendizagem localizado e temporário está a perder terreno. Aprendemos on e off line, juntos ou separados, ao mesmo tempo e em vários lugares. A EaD, antes uma actividade solitária, com as redes e a comunicação instantânea, possibilita a criação de grupos de aprendizagem verificando-se, alternadamente, a aprendizagem individual e a grupal. Pelo exposto e tendo em conta as diferentes perspectivas relativamente às várias gerações da EaD defendidas por vários autores, considero que o conceito de EaD de Moran abrange: O ensino online, utilização da internet, materiais de estudo e trabalho, bem como ferramentas de comunicação online (5ª geração) ; a educação em rede, uso de computadores em rede, correio electrónico, conferência através do computador, interacção entre alunos (grupal) e entre alunos/professor e, segundo Santos (2000), os serviços telemáticos, “(…) utilização dos sistemas de comunicação bidireccional entre professores e alunos, aproveitando as capacidades da imagem, do som e do movimento para a transmissão de conhecimentos e para a introdução de ferramentas que possibilitam maior interacção e flexibilidade de estudo.” (3ª geração); o modelo de aprendizagem flexível no qual se verifica uma maior variedade de recursos e possibilidades interactivas veiculados pela internet (4ª geração) . Não podendo deixar de concordar com José Manuel Moran (2002) “As tecnologias interactivas (…) vêm evidenciando, na educação a distância, o que deveria ser o cerne de qualquer processo de educação: a interacção e a interlocução entre todos os que estão envolvidos (…)”. A EaD tem possibilitado o ensino menos individualista criando um equilíbrio entre flexibilidade e interacção, ao passo que a educação presencial tem adoptado tecnologias, metodologias, etc., até então características da EaD. Temos, portanto, testemunhado uma transição progressiva do presencial para o semi-presencial; uma virtualização gradual dos processos pedagógicos; novas formas educativas menos impessoais; valorização do estarmos juntos, embora fisicamente distantes, mas ligados através das múltiplas tecnologias da comunicação (a)síncrona, adequando os períodos de trabalho individual com o grupal; o surgir de “Comunidades Virtuais e E-learning” onde, conforme nos diz Santos (2000) “(…) os meios referidos (…) se tornaram mais interactivos, mais fáceis de utilizar (…) acesso mais generalizado, permitindo maior flexibilidade temporal e espacial.” Um conceito que, também, se tem vulgarizado é o blended learning. O ensino/aprendizagem, mesmo o dito tradicional, alternará entre momentos presenciais e outros não presenciais e “Teremos aulas a distancia com possibilidade de interacção online (ao vivo) e aulas presenciais com interacção a distancia.” (Moran, 2002). A figura do professor deixa de ser o centro da informação passando a mediador, tutor, mobilizador, facilitador… e o aluno protagoniza a aprendizagem colaborativa, assume a construção do seu conhecimento bem como duma inteligência cada vez mais colectiva. No futuro não se falará “(…) em cursos presenciais e à distância… serão … flexíveis no tempo, no espaço… na avaliação… não se falará de “e-learning”, mas de “learning” … aprendizagem.” Moran (2005) e nova geração nascerá!

Referências consultadas:

Moran, José Manuel, (2002), O que é educação a distancia, Rio de Janeiro www.eca.usp.br/prof/moran http://www.administradores.com.br/artigos/ensino_a_distancia_surgimento_de_uma_nova_perspectiva_educaional/13826/

Professor na EaD - Interacções e papéis - Presença e Próximidade

A presença do professor é fundamental para o sucesso dos estudantes! Para ter a percepção dessa importância, devemos distinguir dois conceitos, a saber: presença e proximidade. A primeira encontra-se e define-se em três situações - concepção e organização educacional, facilitação do discurso e instrução directa. A segunda, a proximidade, relaciona-se, obviamente, com a presença, a presença do professor e define-se pelos “(…) comportamentos de ensino que promovem a aproximação ao outro e a interacção não verbal com o outro.” (Larose e Whitten,2000). Assim, a proximidade é factor motivador da motivação dos estudantes, repercutindo-se na aprendizagem social e cognitiva. No ensino presencial e na óptica de Larose e Whitten, os comportamentos de ensino são: Reconhecimento/Posição; Realces do status; Aprovação social e Interesse social. Estes comportamentos, não raramente, são imperceptíveis em ambientes online. “(…) é necessária uma integração mais forte das características da proximidade com o conteúdo da lição.” Larose e Whitten (2000). Por outro lado, temos o professor online, cujas tarefas se revelam óbvias - «Construir os materiais do curso, interagir com os estudantes e dar-lhes feedback, avaliar o trabalho do estudante, são tarefas óbvias para o professor online» - embora não se possa dizer o mesmo relativamente à sua prática - “o papel do professor é particularmente problemático” - (Wallace, 2003). Esta perspectiva torna-se clara se ponderarmos acerca do desempenho do professor, i.e., a performance daquele pode (e deve, a meu ver) condicionar a efectivação do projecto/objectivos, previamente, estabelecidos, podendo, no caso de não ser eficiente e numa perspectiva negativa, anular a relevância dos conteúdos a leccionar e a reter comprometendo, dessa forma, o trajecto e sucesso do estudante. Para este (e-)estudante, apesar de autónomo e independente (em alguns aspectos), é fundamental o papel de facilitador na compreensão dos conteúdos, de realização e satisfação, bem como, o papel de instigador à participação e intervenção desempenhado pelo professor. O professor faz a ponte, liga a função social à assistência à aprendizagem (Offir e Lev, 2000). Não obstante o supra mencionado, a influência e repercussão da acção docente no resultado final da aprendizagem online, não estão, de facto, comprovadas. No entanto, é, obviamente, importante os incentivos sociais e de status fomentados pelos comportamentos de proximidade estarem intimamente associados aos conteúdos da aula Salmon (2000). O professor abandona o seu papel tradicional, o da instrução, e passa a ser um moderador, e-moderador, que concentra a sua acção na estimulação, orientação e motivação para a aprendizagem dos alunos e para que esta não seja uma mera transmissão de conhecimentos. Segundo Salmon (2000), esta nova atitude processa-se de acordo com as seguintes fases/etapas:
@ Acesso e motivação;
@ Socialização online;
@ Troca de informação;
@ Construção de conhecimentos;
@ Desenvolvimento.
Wallace, Raven M., Aprendizagem Online na Educação Superior: Uma Revisão da Investigação Sobre Interacções Entre Professores e Estudantes, (2003)
Papel Professor
View SlideShare presentation or Upload your own.

outubro 15, 2008

Educação a distââââââância

No âmbito da Educação, entenda-se ensino/aprendizagem, o conceito generalizado é que esta não é concebível sem a presença dos indivíduos nela envolvidos, i.e., sem a presença dos protagonistas. O “normal” é o que se constata no ensino “convencional”, ou seja, existe a presença física de professores e alunos que partilham o mesmo espaço e tempo. No entanto, o desenfreado avanço das tecnologias de informação e comunicação, falo de informação e comunicação virtual, possibilita, também, à Educação grandes saltos evolutivos. Assim, tal como a comunicação, também, a Educação se desenvolve virtualmente! A Educação também o é à distância, logo, o teor do termo presencialidade adquire novos contornos passando alunos e professores a terem a possibilidade de, de forma síncrona ou assíncrona e estando fisicamente ausentes, estarem conectados pelas tecnologias. Esta forma de ensino/aprendizagem fomenta, ainda, a interacção entre vários outros intervenientes surgindo, assim, as comunidades virtuais/online de aprendizagem.

outubro 14, 2008

Processo de Implantação/Funcionamento da Comunidade Virtual (ver imagem ampliada)

Comunidade Virtual
Conjunto de indivíduos que interagem através de dispositivos informáticos em rede, por vezes através de um "moodle", com o seguinte objectivo: Educação/Formação/Aprendizagem. Uma vez partilhando objectivos comuns, também, partilham informações, deduções/conclusões, experiências, etc. tendo em vista o edificação conjunta do saber e do conhecimento.
A investigação sobre a criação e desenvolvimento da Comunidade (virtual) e/ou em aulas online, tendo em conta o equilíbrio do tamanho com a função, do foco com a diversidade e da estrutura com a criatividade (Riel, 1996), bem como ferramentas electrónicas que viabilizam estas comunidades de aprendizagem - percursos electrónicos, monitorização online, etc... - (Riel e Fulton, 2001), levantaram questões que se prendem com as diferenças (inevitáveis em aulas que beneficiam do que a rede disponibiliza) entre aulas na Internet (presenciais e online) e aulas sem acesso à Internet.
Assim, entre outras, algumas delas são:

  • Interacções entre professores multiplicam;
  • Professor passa a facilitador/mentor;
  • Acesso a recursos expande-se significativamente;
  • Aluno mais independentes;
  • Alunos participantes activos com discussões mais substanciais;
  • Acesso aos professores passa a ser directo e igualitário;
  • Educação centrada no aluno cuja aprendizagem é ao seu ritmo;
  • Ensino/aprendizagem são colaborativos;
  • Oportunidades iguais e interacções de grupo estudante/estudante aumentam de forma significativa;
  • Sala de aula torna-se global;
  • Esbate-se a hierarquia professor-aluno
  • (...)

Ensino/Aprendizagem online na educação superior

O ensino/aprendizagem online surge como uma forma de facultar educação/formação quer a nível superior como não superior.
Assim, no intuito de ser melhor compreendida e eficaz, tornou-se objecto de estudo, estudo esse que seguiu em quatro direcções com óbvias e constantes inetrcepções: Papeis e Interacções dos Estudantes; Papeis e Interacções dos Professores; Comunidade e Colaboração Online; Ferramentas que Apoiam o Ensino/Aprendizagem.
Como é que os estudantes participam em aulas online? Muitas pesquisas têm sido desnvolvidas no sentido de esclarecer a questão supra e no sntido de validar modelos teóricos que estudem e meçam a participação dos estudantes:
@ Interacção;
@ Presença social.
Distância transaccional - introduzida em 1980 por Moore como uma medida de envolvimento de estudantes à distância e definida como função do diálogo, da estrutura e, posteriormente, também da autonomia do estudante. Estes três aspectos foram dissecados de foram a definir e compreender os moldes em que se processavam os relacionamentos e as respostas dos estudantes cujas aulas eram à distância. Segundo Moore, a distância transaccional seria mais curta quanto maior fosse o diálogo instrutor/estudantes e maior quanto menor fosse o envolvimento/compromisso do aluno.Em 1994, Saba e Shearer através de um modelo dinâmico – modelo em que a distância transaccional aumentava quando aumentavam os diálogos e diminuía quando a estrutura era maior – concluíram que o conceito em apreço é directamente proporcional ao diálogo e inversamente proporcional à estrutura. Interacção - a distância transaccional e a autonomia dos alunos, segundo Moore (1989), poderiam ser, também, estudadas através de interacções que traduziam o envolvimento dos alunos em aulas à distância. Essas interacções eram de três tipos:

۩ Interacção aluno – conteúdo;

۩ Interacção aluno – instrutor;

۩ Interacção aluno – aluno.

A estas, Hilman e seus colegas, em 1994, acrescentaram um quarto tipo:

۩ Interacção aluno-interface.

A interacção tem sido usada para descortinar os mecanismos de construção de conhecimento dos estudantes em ensino à distância. Modelo de codificação para a interacção online em cinco fases de construção de conhecimento (Gunawardena e colegas, 1998):

@ Partilha/comparação de informação;
@ Percepção da dissonância/inconsistência de ideias, conceitos, afirmações, etc;
@ Co-construção de conhecimento;
@ Teste e modificação ou co-construção de sínteses propostas;
@ Afirmações e aplicação de significados recentemente construídos.

(…)

Presença social - de acordo com Short e al (1976) é “o grau de saliência de outra pessoa numa interacção e a consequente saliência de um relacionamento interpessoal” (p.65). Para eles a proximidade e a intimidade são elementos da presença social. Nela a intimidade é determinada por respostas pessoais como sorrisos e contacto visual, e a proximidade por interacções verbais e não verbais como colocar questões, responder às solicitações ou reagir a observações. A presença social é um factor tanto do meio como dos participantes. Através de investigação do conceito de presença social conclui-se que é provável que esta seja um factor importante para a aprendizagem e satisfação dos estudantes em cursos à distância. No entanto, não é clara a forma como ela provoca impactos na aprendizagem sendo, contudo, possível que existam níveis de presença social que dependam do tamanho ou intencionalidade da turma, da natureza do conteúdo ou de outros factores. A construção da presença cognitiva é uma interessante extensão da construção anterior com aliciantes possibilidades de descoberta da forma como os alunos aprendem em aulas online.

Leia na integra o texto O Velho Mestre, a Educação e a Internet por Luiz Edmundo Machado